Poema Modernista de Manuel Bandeira
OS SAPOS
Enfunando os papos,
Saem da penumbra,
Aos pulos, os sapos.
A luz os delumbra.—
Em ronco que a terra,
Berra o sapo-boi:
– “Meu pai foi à guerra!”
– “Não foi!” — “Foi!” — “Não foi!”
O sapo-tanoeiro
Parnasiano aguado,
Diz: — ” Meu cancioneiro
É bem martelado.
Vede como primo
Em comer os hiatos!
Que arte! E nunca rimo
Os termos cognatos.
O meu verso é bom
Frumento sem joio.
Faço rimas com
Consoantes de apoio.
Vai por cinquenta anos
Que lhes dei a norma:
Reduzi sem danos
A formas a forma.
Clame a saparia
Em críticas céticas:
Não há mais poesia,
Mas há artes poéticas…”
Urra o sapo-boi:
– “Meu pai foi rei” — “Foi!”
– “Não foi!” — “Foi!” — “Não foi!”
Brada em um assomo
O sapo-tanoeiro:
– “A grande arte é como
Lavor de joalheiro.
Ou bem de estatutário.
Tudo quanto é belo,
Tudo quanto é vário,
Canta no martelo.”
Outros, sapos-pipas
(Um mal em si cabe),
Falam pelas tripas:
–”Sei!” — “Não sabe!” — “Sabe!”
Longe dessa grita,
Lá onde mais densa
A noite infinita
Verte a sombra imensa;
Lá, fugido ao mundo,
Sem glória, sem fé,
No perau profundo
E solitário, é
Que soluças tu,
Transido de frio,
Sapo-cururu
Da beira do rio…
1918
O poeta chama de sapos os poetas parnasianos que somente aceitavam a poesia rimada, formal, tipo os sonetos, exigiam rimas ricas.
Ele satiriza as reclamações deles e compara-as com o coaxar dos sapos num banhado ou rio.
Também mostra algumas das regras que eles seguiam: comer hiatos, nunca rimar cognatos, dar importância à forma.
Todo o poema é uma crítica aos conceitos do parnasianismo que vigorou nas décadas finais do séc XIX e das duas iniciais do séc. XX.
A cada um dos poetas reclamadores importantes ele denomina diferente: sapo-boi, sapo tanoeiro e aos menores chama de saparia.
Ronald de Carvalho declamou esse poema de Manuel Bandeira na Semana de Arte Moderna de 1922, em São Paulo. Esse evento iniciou o Modernismo na Literatura e nas Artes no Brasil.
Ele satiriza as reclamações deles e compara-as com o coaxar dos sapos num banhado ou rio.
Também mostra algumas das regras que eles seguiam: comer hiatos, nunca rimar cognatos, dar importância à forma.
Todo o poema é uma crítica aos conceitos do parnasianismo que vigorou nas décadas finais do séc XIX e das duas iniciais do séc. XX.
A cada um dos poetas reclamadores importantes ele denomina diferente: sapo-boi, sapo tanoeiro e aos menores chama de saparia.
Ronald de Carvalho declamou esse poema de Manuel Bandeira na Semana de Arte Moderna de 1922, em São Paulo. Esse evento iniciou o Modernismo na Literatura e nas Artes no Brasil.
Glossário:
· Enfunando- Envaidecido, vaidoso, inchado.
· Frumento- O melhor trigo; trigo candial; Qualquer trigo.
· Assomo- Mostrar-se, manifestar-se, revelar-se; aparecer:
· Tanoeiro- [De tanoa + -eiro.] Substantivo masculino. Aquele que faz e/ou conserta pipas, cubas, barris, dornas, tinas,...
· Estatutário- Relativo a, ou contido em estatuto(s):
· Perau- Declive áspero que dá para um rio ou para um arroio;
· Transido- Esmorecido ou inteiriçado (de frio, dor, vergonha, susto, etc
Reescrever este poema com uma linguagem mais atual.
Reescrever este poema com uma linguagem mais atual.
· Vário- Diverso diferente:
gostei muito do poema , muito legal
ResponderExcluirThainara, que bom que gostou. Agora que tal reescrever este poema com uma linguagem mais atual? Vamos tentar?
ExcluirBjs, MClara.
Vejam como este poema ficou na voz das alunas: Lavínia, Camila, Dalilla e Ana Luiza da turma 902-
ResponderExcluirOS SAPOS
Enchendo os papos,
Saem da luz, os sapos.
Escondendo na luz
Em barulho que pousa na terra
Grita o sapo-boi:
“-Meu pai foi à guerra!”
“-Não foi!”-“Não foi!”
O sapo que concerta,
Que pertence a poesia dos altos
Conhecimentos, guloso
Diz:”-Minha coleção de poemas
É bem teimosa
Aqui está como sou habilidoso
Em comer os hiatos!
Que arte! E nunca rimo
Os termos da mesma família.
O meu verso é bom.
Cereal de boa qualidade.
Faço rimas usando consoantes.
Vai pra cinqüenta anos
Que te dei um exemplo:
Diminuír sem prejuízo
O molde e o modelo
Implore a saparia
Em critica de quem não é crente:
Não há mais poesia,
Mas há arte poética (sentimentos expressos do
Autor)...”
Grita o sapo-boi:
-“meu pai foi rei”! – “Foi!”
-“Não foi!” – “Foi” – “Não foi!”
Grita acusando
O sapo- tanoeiro:
-“A grande arte é como
Trabalho de joalheiro.
Ou bem de quem faz as regras.
Tudo quanto é belo,
Tudo quanto é diferente,
Canta no martelo ( é acabado)”.
Outros, os sapos-pipas
Um mal cabe em si,
Falam muito
_”Sei!” – “Não sabe!”
Longe desta gritaria,
Lá onde é mais escuro,
Na noite infinita
Lá, fugindo do mundo,
Sem glória, sem fé,
No precipício profundo
Onde é solitário
Que soluças tu,
Cheio de frio,
O sapo-cururu
Da beira do rio...
Parabéns,meninas!
Que lindo, acho que as meninas ficaram muitos felizes que nem eu mesma fiquei ao ver que nosso poema foi o escolhido. E agradeço por mim e pelas meninas. Beijos, Ana Luiza 902
ResponderExcluirFoi um prazer! Beijos.
ResponderExcluirOs sapos
ResponderExcluirInchando os papos,
Saem da sombra,
Aos pulos, os sapos
A luz os ilumina.
Em ronco que a terra,
Berra o sapo-boi:
- "Meu pai foi à guerra!"
-"Não foi!” – “Fo!” – “Não foi!”
O sapo-pipa
Parnasiano aguado,
Diz – “ Minha coletânea de canções
É bem martelado.
Ver como primo
Em comer os hiatos!
Que arte! E nunca rimo
Os termos parecidos
O meu verso é bom
Cereal de boa qualidade.
Faço rimas usando consoantes.
Vai pra cinquenta anos
Que te dei um exemplo:
Diminuir sem prejuízo
A formas a forma
Proteste a saparia
Em críticas descrente:
Não há mais poéticas...”
Grita o sapo-boi:
-“Meu pai foi rei” –“Foi!”
-“Não foi!” - “Foi!” – Não foi!"
Gritar em um manifesto
O sapo-pipa:
-“ A grande arte é como
Trabalho de joalheiro.
Ou bem de estatutário.
Tudo quanto é belo,
Tudo quanto é vário,
Canta no martelo. ”
Outros, sapos-pipas
(Um mal em si sabe),
Falam pelas tripas:
- ”Sei!” – “Não sabe!” – “Sabe!”
Longe desta gritaria,
Lá onde é mais escuro,
Em uma noite sem fim
Ver uma sombra sem tamanho
Lá fugindo do mundo,
Sem glória, sem fé,
Um buraco profundo
E solitário, é
Que solução tu,
Cheio de frio,
Sapo- cururu
Da beira do rio...