Olá, estamos de volta após uma pequena parada para o Carnaval. Voltamos com entusiasmo e animação, aproveitando a motivação da folia!
Como vocês já sabem, iremos fazer um vídeo/slide sobre tudo o que aprendemos neste bimestre. Este vídeo será considerado como uma avaliação de confirmação de aprendizado, ok? Para isso vocês precisarão reler todos os textos que estão postados no nosso blog e lembrar de tudo o que falamos em sala de aula.
Estou postando, hoje, mais três textos que falam de como a criança já nasce preparada para absorver as novas tecnologias em seu dia-a-dia, são chamadas de nativos digitais e qual o papel do professor diante esta criança e sobre que tipo de aula o professor deve ministrar para o jovem de hoje. POR FAVOR NÃO TENHAM PREGUIÇA DE LER ESTES TEXTOS, SERÃO OS ÚLTIMOS DO BIMESTRE E SERÃO MUITO IMPORTANTE PARA O RESULTADO DO TRABALHO, OK? Beijos e não se esqueçam de comentar os 3 textos!
TEXTO 3 - Chegaram os nativos digitais
A tecnologia digital provoca outras conexões cerebrais
e transforma o modo de conhecer, de aprender.
As crianças nascidas na primeira
década do século 21 crescem imersas em iphones,
ipads, ipods, computadores, câmeras de vídeo e de fotos e tantas outras
maquinetas inventadas nos últimos 20 anos, todas com base na tecnologia
digital. Elas não fazem ideia da vida sem computadores, sem telefone celular ou
telas touch screen.
Essas crianças o pensador norte americano Nicolas Carr chamou de nativos
digitais.
Os nativos digitais usam as novas
tecnologias desde o nascimento, o que faz com que aprendam de modo diferente,
porque constroem novas conexões cerebrais. Não importa se o modo é melhor ou
pior de aprender. É diferente e inevitável.
O século 21 teve seu início
marcado pela tecnologia digital, que vem provocando uma ruptura no modo de
interpretar o mundo, de conceber a vida. E não se trata apenas de uma
transformação natural que ocorre no desenvolvimento da humanidade, mas de uma
mudança de paradigma na visão de mundo, uma modificação radical.
Quando a humanidade inventou a
escrita, houve uma transformação marcante no acesso à informação e ao
conhecimento. Até então, o suporte do saber era a oralidade. As pessoas
memorizavam e transmitiam a informação. A escrita, e depois a invenção da
imprensa, por meio de livros e outras publicações, tornou a informação
acessível a muitos, e garantiu mais exatidão, pois já não dependia,
exclusivamente, da memória humana. Da oralidade para a leitura, houve uma
adaptação no cérebro para lidar com o novo tipo de mediação com o conhecimento.
Vive-se, hoje, uma situação
semelhante. A tecnologia digital provoca outras conexões cerebrais e transforma
o modo de conhecer, de aprender. E criou uma situação inusitada: as novas
gerações dominam o novo instrumental para interpretar e agir sobre a realidade,
mas estão sozinhas nessa empreitada. A geração adulta não tem experiência e nem
conhecimento para indicar rumos.
A geração de adultos nascidos
antes da última década do século 20 Nicolas Carr chama de imigrantes digitais.
Por mais que tenham aderido à nova tecnologia, não nasceram imersos nela;
lembram-se do mundo sem a internet e celulares, têm “sotaque”, recordam o
passado, outra cultura. Conhecem uma língua diferente da dos nativos.
Diante da realidade
contemporânea, a escola, que ainda tem a forma do século 19, precisa se
repensar: recebe alunos nativos digitais e quem os educa são imigrantes
digitais. Defrontam-se duas linguagens distintas, duas diferentes
interpretações da realidade, dois modos de estabelecer conexões e relações
entre saberes, o que cria perplexidade e mal-estar na educação escolar das
crianças e jovens de hoje. É preciso uma reflexão profunda para tentar
superar a obsolescência da escola atual.
As novas tecnologias criaram uma
instabilidade de referências e valores que exigem uma educação para a
transitoriedade, para a impermanência. Permanente é a capacidade de pensar e de
aprender dos seres humanos. As novas gerações devem ser instigadas à
aprendizagem constante e ao enfrentamento de desafios.
Os conteúdos obrigatórios dos
programas escolares estão nos sites de busca. É fácil acessá-los. O difícil é
filtrar a informação e relacionar os saberes para solucionar problemas, que é o
que a escola deve ensinar às gerações que vão viver em outro tempo, seguindo
outro paradigma.
Patrícia Konder Lins e Silva Pedagoga
TEXTO 4 - A escrita produzida pelos nativos digitais
Luana Wünsch & Alex Paiva
Aplicações desenvolvidas para a promoção de
habilidades de leitura, interpretação e escrita tornam-se grandes aliadas para
que a possibilidade de produção de textos formais seja mais efetiva.
Não é de hoje que a linguagem
altera-se à medida que as circunstâncias e necessidades de determinadas
sociedades modificam-se por meio das transformações em seu entorno. Contudo,
temos de concordar com o sociólogo espanhol Manuel Castells (2004) quando
destaca que as tecnologias da informação e comunicação (TICs) são aceleradores
desse fenômeno, sobretudo quando falamos da comunicação entre os jovens do
século XXI, os nativos digitais, descritos pelo americano Marc Prensky —
aclamado escritor e consultor na área de educação e inovação — como aqueles que
sabem entrar e sair de ambientes virtuais, que cresceram com a tecnologia e sem
ela o ato de comunicar-se muitas vezes não tem sentido (2001).
A palavra “sepá”, por exemplo,
muito utilizada no Facebook, no
Instagram e no Twitter (ver figura), elucida a junção de duas
características-chave da linguagem desses jovens por meio das TICs: a
abreviação e a onomatopeia. A palavra é formada por “se”, conjunção
subordinativa condicional (ok! até esse ponto nós, imigrantes digitais, podemos
entender!), e “pá”, onomatopeia de duas pessoas batendo as mãos, significando
“conseguimos!”, ou seja, “sepá” é a abreviação do termo “se der certo!”.
Assim, os interlocutores podem
ganhar tempo e tornar a conversa mais personalizada, segundo as adolescentes
que dela participaram: “A gente diminui as palavras não só para ser divertido,
mas para falarmos do nosso jeito e escrevemos com os ‘sonzinhos’ para criar
intimidade com as pessoas” (figura).
É essa necessidade de adaptação
que torna o desenvolvimento da linguagem uma das áreas mais estudadas com
relação à concretização das particularidades pessoais e sociais ao longo dos
tempos, tornando importante, nesse contexto, entendermos duas revoluções da
comunicação: a transição da linguagem oral para a linguagem escrita e a
migração da escrita da mídia em papel para a mídia digital.
Sob a perspectiva da transição da
linguagem oral para a escrita, podemos ressaltar que essa só foi possível
devido às grandes transformações anatômicas que possibilitaram a evolução de
nosso cérebro, fazendo com que nós, humanos, pudéssemos nos tornar criaturas
sociais e interativas, capazes de interpretar eventos como raciocinar, criar
novos conhecimentos baseados em eventos anteriores e transmitir informações,
deixando registros que fazem com que esses conhecimentos adquiridos possam ser
disseminados entre a maioria dos seres de nossa espécie.
Apesar da dificuldade de
pesquisadores em traçar um caminho evolutivo da fala, de acordo com Walter Ong
(1986), historiador cultural e filósofo, o desenvolvimento dessa habilidade tão
importante teve início há aproximadamente 6 milhões de anos. Ao longo do tempo,
diferentes vocalizações foram se transformando gradativamente em trocas de
informação entre indivíduos, até possibilitar a comunicação linguística
(flexível) que temos hoje. Esse extenso caminho, de mais de 5 milhões de anos,
ao longo do qual a transmissão de conhecimento era feita por meio da narração
de histórias presentes na cultura dos povos, culminou na grande transformação
ocorrida há apenas 6 mil anos na Mesopotâmia, onde os sumérios desenvolveram o
primeiro recurso impresso de que se tem registro, denominado escrita
cuneiforme. Ainda segundo o pesquisador Ong, foram necessários mais 2 mil anos para
o surgimento do primeiro alfabeto, utilizado pelos semitas no Egito Antigo.
Mas por que a história deu tanta
importância à escrita? O ato de escrever, além de ser capaz de transmitir o
conhecimento de uma forma muito mais precisa e fidedigna que a fala,
obriga-nos, ou pelo menos deveria forçar-nos, a tomar consciência do nosso
conhecimento sobre determinado assunto. Ao longo dos anos, a construção da
escrita evoluiu, novos gêneros textuais foram criados, e hoje podemos dizer que
o poder da escrita passa muitas vezes despercebido na vida das pessoas letradas.
Se pararmos para pensar em nossa
sociedade atual, perceberemos que estamos atravessando uma nova revolução
associada à escrita. Cada vez mais, artefatos tecnológicos estão substituindo a
mídia impressa e, por conseguinte, as pessoas passam a produzir menos textos
manuais e a utilizar a digitação como principal meio de produção textual.
Podemos comprovar essa transformação com dados do IBGE. No Brasil, os bens
duráveis com maior crescimento nos lares brasileiros entre 2009 e 2011 foram o
microcomputador com acesso à internet (39,8%) e o telefone celular (26,6%).
Sob a ótica da transição da mídia
escrita para a digital, ao pensar no desenvolvimento de aplicativos para
recursos tecnológicos, podemos citar o lançamento da ferramenta Coursewriter I
em 1960, desenvolvida pela empresa IBM como um marco dessa nova revolução. Esse
recurso tão inovador foi o primeiro aplicativo a possibilitar que pessoas sem
treinamento formal em programação gerassem textos digitais de modo intuitivo.
Passadas mais de cinco décadas de avanço frenético das tecnologias da
informação e comunicação (TICs), é possível estabelecer uma comparação entre as
formas de linguagem descritas por Pierre Lévy (1999), um dos principais nomes nos
estudos sobre as interações entre a internet e a sociedade, e como a linguagem
digital transformou a maneira como encaramos um texto (quadro).
Após o advento do Coursewriter I,
inúmeros recursos digitais foram desenvolvidos, principalmente no meio educacional,
com o intuito de se estimular a produção textual digital para que as pessoas
deixassem de ser apenas consumidoras, mas também produtoras de conhecimento na
sociedade da informação.
Uma pesquisa realizada em
Curitiba (PR) com 37 jovens entre 13 e 14 anos pelo setor de tecnologia da
Positivo Informática mostrou que as TICs, notadamente a utilização de uma
ferramenta de criação de textos, podem proporcionar a esses jovens a
oportunidade de envolvimento na exploração e coautoria de conhecimentos sobre
representação simbólica e desenvolvimento de conceitos de (re)alfabetização e
afins.
Durante a pesquisa, foi dada aos
participantes a opção de escolherem a mídia para a produção textual. Dentre
eles, 100% optaram pela mídia digital (tablets e netbooks) em lugar do papel.
Após a análise da causa dessa escolha, observou-se que a tecnologia digital,
associada aos dispositivos multimídias móveis, pode estar gerando novas formas
de acessar, criar e comunicar conhecimento por meio de textos digitais, enfatizando
propriedades como hipertexto, interatividade e multimídia como bases
adaptativas que servem para que os jovens sintam-se mais confortáveis para ler
e escrever. De modo superficial? Nem todos os jovens o consideram. E o oposto
também é verdadeiro: eles leem e escrevem mais utilizando computadores,
celulares e tablets, porém à sua maneira.
Já é hora de pararmos de reclamar
da falta de profundidade de concentração e aprendizagem dos jovens e pensarmos
coletivamente em soluções efetivas para isso. Em 2012, uma pesquisa encomendada
pelo Instituto Pró-Livro (IPL), que mediu a intensidade, a forma, a motivação e
as condições de leitura, apontou que a falta de tempo é um dos fatores para a
falta de leitura entre os brasileiros (Failla, 2012). Mas será que a leitura e
a escrita tradicionais são suficientes para o cidadão alfabetizado no século
XXI? Será que é suficiente para preparar os jovens alunos? Precisamos repensar
nossa noção de letramento crítico, desenvolver a aprendizagem autêntica e as
oportunidades de avaliar, atualizar e ampliar nosso currículo.
Sabemos que o nível de conforto
dos adolescentes com a tecnologia é expressiva e que uma das vantagens dos
recursos tecnológicos é a otimização do tempo para a comunicação. Então, por
que não utilizá-la para gerenciar as informações que chegam até esses jovens a
uma velocidade nunca antes possível e promover o seu interesse para a leitura?
Afinal, se os interesses dos nativos digitais são diferentes, é natural
pensarmos em diferentes maneiras de motivá-los.
Sob essa ótica, aplicações
desenvolvidas para a promoção de habilidades de leitura, interpretação e
escrita tornam-se grandes aliadas para que a possibilidade de produção de
textos formais seja mais efetiva. “Sepá”, com o fornecimento de instruções
relevantes para os jovens, talvez tenhamos uma grata surpresa de precisão,
confiabilidade e perspectiva de informações geradas com propósitos adequados às
suas necessidades e às características da língua portuguesa formal, ainda tão
necessária.
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TEXT0 5 - Século XXI precisa de novo modelo de aula
(Jornal 104 - Abril/2012)
Professor da
USP diz que, mais do que motivar, cabe ao professor o propósito de cativar os
alunos para a matéria ministrada - Por Ana Paula Machado Velho
A Associação
dos Docentes da UEM (Aduem) promoveu, no início de abril, a palestra
Reinventando a Aula Expositiva, com José Carlos Angelo Cintra, do Departamento
de Geotecnia, da Universidade de São Paulo. O professor falou sobre
como tornar as aulas mais interessantes, independente do tema e da
matéria.
Segundo ele,
para dar aula bem, não é preciso dom e que todos podem desenvolver essa
habilidade de ministrar boas aulas. O docente precisa entender que é preciso um
novo modelo. Cintra acrescenta que a aula expositiva do século passado era conteudista (Ensino
conteudista é uma forma de ensino em que se passa uma quantidade enorme de
conteúdo), desmotivadora e ministrada por um professor
autoritário, até carrasco, às vezes. Essa aula realmente já era! No passado, o
conhecimento era pouco acessível, com raríssimos materiais e textos didáticos,
à exceção de apostilas de notas de aula impressas sem muito recursos e sem a
internet para consultar. Ao aluno não restava alternativa senão ficar atento ao
monólogo do professor, e copiar a matéria para ter o que estudar – os cadernos
eram indispensáveis. O papel do professor era centralizador e o objetivo do
ensino era o conteúdo, o máximo possível. Bom professor era aquele que ensinava
mais, em quantidade de conteúdo. “Mas
isso era compatível com a estrutura social em que vivíamos, com pouca liberdade
e relacionamentos marcados pela hierarquia rígida. Era a época dos ‘superiores’
muito exigentes, severos, bravos (na sociedade, na família e na escola), com
aplicação de castigos, por vezes, até físicos. Dos tempos de disciplina
rigorosa na escola, talvez tenha surgido o outro significado para o vocábulo
disciplina, o de ramo do conhecimento, ciência ou matéria”, explica
Cintra.
Novos tempos
– O professor destaca que esta realidade mudou. A nova aula expositiva para o
século atual é não conteudista, com objetivo de motivar o aluno, fazê-lo
entender e gostar da matéria ensinada, ministrada por um professor acessível
que busca um relacionamento amigável com os alunos. “Na nova aula expositiva, o professor deve se impor o desafio de
ensinar de modo que o aluno goste e entenda a matéria, lembrando que todo
assunto pode ser chato ou atraente, dependendo da forma com que é ensinado e
das estratégias empregadas. Dessa forma, ensinar se torna uma atividade
apaixonante”, acrescenta.
Para Cintra,
enquanto a aula do século passado priorizava a teoria, ao aluno de hoje é mais
propício começar pela prática, como forma de incentivar o estudo teórico. E
mais, ele destaca que a boa aula é antídoto para questões indisciplinares em
sala de aula e, ainda, para o problema da falta dos alunos às aulas. Com boa
aula, o professor não precisa utilizar artifícios para prender o aluno em sala
de aula.
O papel do
professor – Cintra apresenta uma analogia para ilustrar a figura do estudante
atual. Diz que, diante da profusão do conhecimento no mundo de hoje, o aluno é
como um visitante perdido ao chegar pela primeira vez a uma megalópole. Ao
professor está reservado o papel de desenhar o mapa da cidade, destacando a
região central, as avenidas principais, os bairros mais importantes etc. Essa
orientação deve ser o suficiente para o aluno iniciar as suas próprias
incursões na grande “cidade” do conhecimento. Haverá dúvidas, que ele poderá
trazer para o professor esclarecer, mas também haverá satisfação em descobrir
por conta própria os caminhos secundários e outros locais. O professor ainda
destaca que o estudo fora de sala de aula deve ser incentivado como algo
rotineiro e importante, sobretudo na universidade e escolas públicas, em que os
alunos geralmente não trabalham. Estudo esse que não pode se restringir ao
conteúdo abordado em aula. “Mais do que
motivar cabe ao professor o propósito de cativar os alunos para a matéria
ministrada. É papel do professor se interessar pelos alunos que têm dificuldade
e até mesmo desinteresse em estudar. Não podemos ser professores apenas para os
bons alunos, ignorando ou desprezando os demais. Eles representam a
oportunidade do docente exercitar a sua capacidade na plenitude”, completa
Cintra.